Oleiro, "narizes", costureiro… O que é preciso para fazer um automóvel?!
Quando falamos em trabalhadores da indústria automóvel lembramo-nos imediatamente dos operários das linhas de montagem, dos engenheiros que "queimam as pestanas" a inventar novas tecnologias ou dos "designers" que fazem "voar" os lápis antes de passarem aos complexos programas de desenho em computador inventando novas e apaixonantes formas para seduzirem os clientes.
MOLDADOR DE ARGILA – Surpreendente, não é? É preciso um oleiro para construir um automóvel?! Não é bem assim… mas quase! É quem faz o chamado "clay model" – literalmente modelo de barro –, a primeira interpretação a três dimensões e no tamanho real do "design" do novo carro. Precisa de 2,5 toneladas de barro e cerca de 10 mil horas de trabalho para construir as formas precisas do novo modelo. Quando o trabalho está terminado, só a ausência de transparência dos vidros e faróis nos indica que não é mesmo um automóvel!... Será este modelo a ser apreciado e é crucial para o "design" final poder ser aprovado.
NARIZES PROFISSIONAIS – Já reparou que os carros não têm todos o mesmo cheiro? Que varia de marca para marca? E que se vai alterando com o envelhecimento? As marcas estudam o cheiro dos seus carros porque os sentidos são de extrema importância para os seus clientes e o olfacto é crucial, pelas reacções que pode provocar. Estas equipas realizam mais de 400 testes por ano, expondo os carros a temperaturas de 60 ºC – é o que apanha no seu carro quando regressa da praia num dia de Verão… Têm limitações profissionais: não podem fumar nem usar perfume para não alterarem os testes. Mas já começam a ter máquinas a auxiliá-los!
PILOTO DE TESTES – São as primeiras pessoas a guiar os carros quem saem das fábricas, em curtos percursos em pistas existentes para o efeito – a Autoeuropa, em Palmela, também tem uma –, mas que servem para ver se a nova unidade está a funcionar em condições. A equipa de pilotos de testes da Seat soma cerca de dois milhões de quilómetros por ano, somando todos aqueles curtos percursos (com seis tipos de pisos distintos) em que aferem o rendimento do carro a diversas velocidades, assegurando-se de que não há ruídos parasitas. Travões, luzes e buzina são outros dos componentes verificados nestes percursos.
Há ainda aqueles pilotos de testes que trazemos aqui muitas vezes, naqueles carros cheios de camuflagem e que, oficialmente, ainda em existem… Também percorrem milhões de quilómetros mas… não gostam muito que se fale deles!